TUDO QUE VOCÊ NUNCA QUIS SABER SOBRE OS SKINHEADS, POIS SEMPRE ACHOU QUE ERAM TODOS NAZISTAS!

Seja bem-vindo(a) à página dos SKINHEADS CEARÁ, um coletivo que agrupa principalmente skinheads, sejam eles anarquistas, comunistas, ou sem nenhuma ideologia definida, mas também outras culturas irmãs (como os mods, rude boys e punks). Possuímos em comum a paixão pelo oi!, ska e reggae; o prazer por uma cerveja gelada e um bom futebol; o sentimento classista e a revolta diante de toda e qualquer forma de discriminação e exploração. Leia mais...

5 de ago. de 2012

Música Oi! no Eusébio Rock Day!

Eusébio Rock Day, próximo dia 11
 de agosto a partir das 14H no Caramujão, no Pólo de Lazer de Eusébio, aberto ao público, com a presença de Working Class Kids trazendo um repertório autoral entre grandes clássicos da música Oi! Conferira programação:

2 de ago. de 2012

Os Skinheads e A Questão Eleitoral!

    
 Interrompemos a edição para apresentação da discussão eleitoral entre os skinheads.
Muito moleque deve estar pensando: “ah, lá se vem com esse papo de eleição, já não basta na TV, rádio, na rua com carros de som, panfleto”, enfim.
            Mas, o fato é que gostaria de abordar as eleições do ponto de vista skinhead e desmistificar algumas coisas sobre o tema.
            De novo, me chega um com senso comum: “político é tudo igual, só sabem roubar”, “partido só aparece em eleição”. O senso comum compreende equivocadamente que política é igual eleição, quando a eleição é apenas um momento político em evidência. Obviamente, isso tem o dedo da burguesia, que constrói a repulsa a política de um modo geral e desqualifica quando utilizada pelos trabalhadores em defesa de seus interesses.
Da mesma forma, ocorre com os partidos, ou seja, a idéia que se constrói é que todos os partidos só existem para as eleições, quando são instrumentos políticos de determinada classe ou setor social.
            Todos os grupos organizados funcionam politicamente, ou não terão seus interesses reconhecidos e possivelmente serão submetidos aos interesses de outros. Os skinheads têm uma política, que costumamos chamar de “política das ruas”, onde os grupos defendem seus interesses com outros grupos, sejam skins, de outro movimento, cultura e tal.
            Mas, os skinheads, assim como todos os grupos na sociedade capitalista, ou seja, dividida em classes sociais contrárias, tem interesses de classe. Se os skinheads se identificam com a classe operária por sua origem, eles defenderão os interesses de sua classe nas eleições, ou seja, eles apoiarão, farão campanha, panfletarão pelos candidatos, organizados ou não em partidos da classe operária.
            Muitos dirão: “mas, você está alimentando ilusões nas eleições burguesas”. Digo que não! Eu quero que todos, assim como eu, tenham clareza de que as eleições não vão mudar a vida, não vão transformar a classe trabalhadora, que eleições são uma farsa do capital, onde está tudo predefinido. Eu posso dizer milhares de vezes pras massas que não acreditem nas eleições, mas as palavras não bastam, elas terão de fazer experiência.
            Mas podem dizer: “Por quê não chama voto nulo, branco?”. Nesse caso, é uma questão tática, isto é, se educa melhor as massas e ajuda a superar as ilusões nas eleições burguesas certamente será chamado voto nulo ou branco, pois as eleições também são pra educar a classe politicamente. Se, por exemplo, temos um candidato de um partido operário que defende os interesses de classe, é correto chamar voto no candidato da classe ou nulo? Qual tática eleitoral educa mais? Agora, se temos dois candidatos da burguesia, só resta uma opção, o voto nulo, pois a classe não tem alternativa eleitoral.
            Podem afirmar: “Ninguém mais acredita nas eleições”. Podem não acreditar, mas continuam votando. Até pela questão da institucionalidade burguesa, é obrigatório votar. Uma coisa é não acreditar e outra é romper com as eleições. Queremos que as massas não só deixem de acreditar nas eleições, mas que rompam com elas, que construam seus próprios organismos de descisão de poder, como os sovietes russos, os conselhos populares na Argentina no início do século 21, embriões de poder operários.
            Nós podemos ter clareza dos fatos, mas nossa política deve estar apenas um passo diante das massas, não há kilômetros delas. 

 

 

 
Os mais leigos podem argumentar: “Ah, mais os skinheads são na maioria de direita, votam na direita ou nem votam e nem acreditam na política”. Engano de quem pensa isso. Os skinheads desde o início sempre foram tensionados por sua origem na classe operária para a esquerda, pois os que votavam depositavam seus anseios no Partido Trabalhista inglês (não que este seja uma referência de esquerda classista, mas é o destinatário das aspirações eleitorais dos trabalhadores britânicos).
Insistem: “Por quê não impulsionam pra não votarem mais?”. Nós podemos dizer isso, em primeiro lugar se não tivermos opção de classe eleitoral, segundo, se educar melhor os trabalhadores, pois se tivermos alternativa podemos lançar uma palavra de ordem do tipo “trabalhador vota em trabalhador”, “contra burguês vote...”, que educa a consciência de classe e cabe aos partidos revolucionários da classe desmistificar que as eleições não resolvem nossas vidas e tal. Agora, se as massas continuam votando, pois a burguesia obriga a votar, tem uma alternativa de classe, nós não aproveitamos o espaço e o momento eleitoral pra avançar a consciência das massas, só ajudamos a fortalecer os patrões, burgueses capitalistas por conta da tática equivocada de “não votar”.
Nesse momento nós estaríamos fazendo política pra satisfazer nosso ego, com uma política fora da realidade objetiva, ignorando o grau de consciência e há anos luz das massas.
Os skinheads têm o privilégio de terem consciência de classe (ou pelo menos instinto), mas não podem querer se isolar das massas ou simplesmente ter política de avestruz. Enquanto a política for privilégio dos ricos poderosos nós vagaremos da lama ao caos. Por isso vamos disputar o espaço político, vamos nos organizarmos politicamente nas organizações de nossa classe! Como diria o velho Trotsky: “Em épocas de crise, é necessário falar até nos bordéis!”.

Trotskid Trosko-militante trotskysta organizado desde 2000.

*Extraído do Zine Nova Estirpe Skinhead nº 2, publicação de R.AS.H Fortaleza & Região Metropolitana.