Interrompemos a edição para apresentação da discussão eleitoral entre os skinheads.
Muito moleque deve estar pensando: “ah, lá se vem com esse
papo de eleição, já não basta na TV, rádio, na rua com carros de som,
panfleto”, enfim.
Mas, o fato
é que gostaria de abordar as eleições do ponto de vista skinhead e
desmistificar algumas coisas sobre o tema.
De novo, me
chega um com senso comum: “político é tudo igual, só sabem roubar”, “partido só
aparece em eleição”. O senso comum compreende equivocadamente que política é
igual eleição, quando a eleição é apenas um momento político em evidência. Obviamente,
isso tem o dedo da burguesia, que constrói a repulsa a política de um modo
geral e desqualifica quando utilizada pelos trabalhadores em defesa de seus
interesses.
Da mesma forma, ocorre com os partidos, ou seja, a idéia que
se constrói é que todos os partidos só existem para as eleições, quando são
instrumentos políticos de determinada classe ou setor social.
Todos os
grupos organizados funcionam politicamente, ou não terão seus interesses
reconhecidos e possivelmente serão submetidos aos interesses de outros. Os
skinheads têm uma política, que costumamos chamar de “política das ruas”, onde
os grupos defendem seus interesses com outros grupos, sejam skins, de outro
movimento, cultura e tal.
Mas, os
skinheads, assim como todos os grupos na sociedade capitalista, ou seja,
dividida em classes sociais contrárias, tem interesses de classe. Se os
skinheads se identificam com a classe operária por sua origem, eles defenderão
os interesses de sua classe nas eleições, ou seja, eles apoiarão, farão
campanha, panfletarão pelos candidatos, organizados ou não em partidos da
classe operária.
Muitos
dirão: “mas, você está alimentando ilusões nas eleições burguesas”. Digo que
não! Eu quero que todos, assim como eu, tenham clareza de que as eleições não
vão mudar a vida, não vão transformar a classe trabalhadora, que eleições são
uma farsa do capital, onde está tudo predefinido. Eu posso dizer milhares de
vezes pras massas que não acreditem nas eleições, mas as palavras não bastam,
elas terão de fazer experiência.
Mas podem
dizer: “Por quê não chama voto nulo, branco?”. Nesse caso, é uma questão
tática, isto é, se educa melhor as massas e ajuda a superar as ilusões nas
eleições burguesas certamente será chamado voto nulo ou branco, pois as
eleições também são pra educar a classe politicamente. Se, por exemplo, temos
um candidato de um partido operário que defende os interesses de classe, é
correto chamar voto no candidato da classe ou nulo? Qual tática eleitoral educa
mais? Agora, se temos dois candidatos da burguesia, só resta uma opção, o voto
nulo, pois a classe não tem alternativa eleitoral.
Podem
afirmar: “Ninguém mais acredita nas eleições”. Podem não acreditar, mas continuam
votando. Até pela questão da institucionalidade burguesa, é obrigatório votar.
Uma coisa é não acreditar e outra é romper com as eleições. Queremos que as
massas não só deixem de acreditar nas eleições, mas que rompam com elas, que
construam seus próprios organismos de descisão de poder, como os sovietes
russos, os conselhos populares na Argentina no início do século 21, embriões de
poder operários.
Nós podemos
ter clareza dos fatos, mas nossa política deve estar apenas um passo diante das
massas, não há kilômetros delas.
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Insistem: “Por quê não
impulsionam pra não votarem mais?”. Nós podemos dizer isso, em primeiro lugar
se não tivermos opção de classe eleitoral, segundo, se educar melhor os
trabalhadores, pois se tivermos alternativa podemos lançar uma palavra de ordem
do tipo “trabalhador vota em trabalhador”, “contra burguês vote...”, que educa
a consciência de classe e cabe aos partidos revolucionários da classe
desmistificar que as eleições não resolvem nossas vidas e tal. Agora, se as
massas continuam votando, pois a burguesia obriga a votar, tem uma alternativa
de classe, nós não aproveitamos o espaço e o momento eleitoral pra avançar a
consciência das massas, só ajudamos a fortalecer os patrões, burgueses
capitalistas por conta da tática equivocada de “não votar”.
Nesse momento nós estaríamos
fazendo política pra satisfazer nosso ego, com uma política fora da realidade
objetiva, ignorando o grau de consciência e há anos luz das massas.
Os skinheads têm o privilégio de
terem consciência de classe (ou pelo menos instinto), mas não podem querer se
isolar das massas ou simplesmente ter política de avestruz. Enquanto a política
for privilégio dos ricos poderosos nós vagaremos da lama ao caos. Por isso
vamos disputar o espaço político, vamos nos organizarmos politicamente nas
organizações de nossa classe! Como diria o velho Trotsky: “Em épocas de crise,
é necessário falar até nos bordéis!”.
Trotskid Trosko-militante trotskysta organizado desde 2000.
*Extraído do Zine Nova Estirpe Skinhead nº 2, publicação de R.AS.H Fortaleza & Região Metropolitana.
*Extraído do Zine Nova Estirpe Skinhead nº 2, publicação de R.AS.H Fortaleza & Região Metropolitana.
Pow, muito bom, valeu pelo comentário, parabéns,oi oi oi!
ResponderExcluirOlha, minhas tendências políticas são mais pra direita, porem quanto mais eu vejo o site de vocês mais eu me identifico nos outros pontos!! Eu antes tinha uma visão ruim de skinheads como a maioria da população, até que um amigo meu do RS me disse que existiam skinheads não violentos eu corri pra pesquisar pq me interessei, e descobri o grupo de vocês através do RASH SP. Estou apreciando muito o site de vcs e a maneira de vcs de pensar. Vcs ganharam meu respeito. Abraços, Arya.
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