TUDO QUE VOCÊ NUNCA QUIS SABER SOBRE OS SKINHEADS, POIS SEMPRE ACHOU QUE ERAM TODOS NAZISTAS!

Seja bem-vindo(a) à página dos SKINHEADS CEARÁ, um coletivo que agrupa principalmente skinheads, sejam eles anarquistas, comunistas, ou sem nenhuma ideologia definida, mas também outras culturas irmãs (como os mods, rude boys e punks). Possuímos em comum a paixão pelo oi!, ska e reggae; o prazer por uma cerveja gelada e um bom futebol; o sentimento classista e a revolta diante de toda e qualquer forma de discriminação e exploração. Leia mais...

27 de nov. de 2013

Liberdade para Carlos Rivas!

Segunda-feira, 25 de novembro, foi detido nosso camarada Carlos Rivas, vocalista da banda madrileña Núcleo Terco, pela Policia Nacional, acusando-o falsamente de distintos delitos. Atualmente se encontra em Moratalaz (Madrid) a disposição do poder judicial. Foi convocada uma manifestação para esta quarta-feira, 27/11, as 13:00 na Plaza de Castilla por sua liberdade.
Desde Fortaleza, Ceará-Brasil, segue nossa solidariedade e moções por sua liberdade(///)

PUNKS VENHAM LUTAR!

O título deste artigo começa por revelar num som dos Ratos de porão (periferia 82, um ótimo material clássico do punk Brasil 80)um certo anseio do meio punk, de forma mais coerente ou não, mais confusa ou não ,mais sistematizada ou não, de inserir os jovens do proletariado numa luta.

[Breve reflexão sobre o meio "anarco"punk no Brasil]

O título deste artigo começa por revelar num som dos Ratos de porão (periferia 82, um ótimo material clássico do punk Brasil 80)um certo anseio do meio punk, de forma mais coerente ou não, mais confusa ou não ,mais sistematizada ou não, de inserir os jovens do proletariado numa luta. Essa intencionalidade, no entanto, deu margem a uma grande confusão quanto a natureza, a característica, desta luta.

É conhecida a existência de uma organização ganguista na juventude urbana, se leve em conta aqui em particular a de São Paulo, e de como após a metade da década de oitenta o chamado ?movimento? punk entra em declínio com as guerras de gangs. Coloco este fato aqui para refletir sobre o tipo de orientação que esta luta mencionada acima tomava: uma luta fracionista, quer dizer, que divide, fraciona, setores da mesma classe. Seria toda essa juventude oriunda da mesma condição a de serem despossuídos de meios de produção e por isso sujeitos a exploração... Esta batalha dentro do meio proletário ganhou visibilidade crítica com a letra ?Guerreiros suburbanos? da banda Kaos 64:

Não, não, não é fácil não
sobreviver nesse mundo
de corrupção
com tanto gente nadando em grana
sugada da classe suburbana


CLASSE SUBURBANA

Enquanto isso a classe suburbana
se destrói nas ruas
e ainda vão em cana.
Explorados, desorientados,
vão se acabando se transformando
em guerreiros suburbanos
GUERREIROS SUBURBANOS?


A letra é interessante justamente por identificar uma realidade onde uma classe, a "classe suburbana" que combina um corte de classe com uma identidade comunitária dos bairros operários, é explorada por ricos e onde a juventude ?perdida e desorientada? se perde em lutas internas. Assim se observa a configuração de um guerreiro suburbano, seu destino é a guerra com seu próprio igual, aquele que na prática está na mesma condição de despossuído, e seu fim é ir "se acabando". Desta forma, a música é uma narrativa real do que aconteceu e acontece no meio urbano: aqueles que poderia ser "lutadores classistas" se tornam "guerreiros suburbanos" onde a guerra é um objetivo em si mesma, mesmo que seja travada contra o seus próprios iguais.

Constatada o que chamei aqui de "luta fracionista", levando em conta uma interpretação possível desta letra, pode ser dito que o chamado "movimento anarco punk" surgido em fins da década de oitenta no Brasil tentava apontar para uma associação distinta e um outro tipo de luta, esta ligada à classe trabalhadora. Pode ser observada uma busca a ?valores libertários? que tentavam estabelecer certa crítica, necessária em vários termos, a preconceitos como o sexismo, homofobia etc. A questão fracionista reaparece se levarmos em conta produções que se destacaram neste nicho punk, como Execradores no já clássico disco ?Cenas anarco punks vol.1, e no velho petardo em k7 denominado "Ideologicamente perigosos", organizado pelo Coletivo altruísta, na música
Por que morrer?:

Gangues por todos os lados Pela ordem do Estado Jovens contra jovens e não contra
Regionalistas idiotas O Estado a sorrir /seus irmãos?
O anarquismo deturpado Por que morrer? Brigas no movimento
Só vejo gente morta Por que morrer? 2X Não sabemos como agir
O sistema é culpado Lute e sobreviva Liberte-se destas gangues
Com isto ele só ganha Lute e sobreviva Parte para a ação
Usa jovens como soldados Sua luta é contra o Estado



O tema da violência divisionista aparece novamente acompanhado de uma uma direção classista: o verdadeiro inimigo seria o Estado. Esta letra tem um conteúdo de classe por perceber o monopólio da violência no exército e o papel que cumpre a luta fracionista na classe trabalhadora: a divide para impedir o verdadeiro combate contra o Estado, este a serviço da classe dominante. Assim, o irmãos tem outra tarefa que não a de se atacar digladiar em gangues, esta letra tem um recado emancipatório que mesmo que precário, como toda boa e simples música punk, consegue deixar claro seu objetivo.

Ao que parece até aqui o "Anarco-punk" dá um novo conteúdo ao punk no Brasil por enfatizar esta politização, o que não significa que esta não existisse na produções punks anteriores conscientemente ou não ( podemos dar aqui centenas de músicas do punk Brasil 80' com um conteúdo claramente político e classista). Mas, o novo aqui colocado é uma direção classista que estabelece crítica a elementos internos ao próprio meio punk como o ganguismo já mencionado, machismo homofobia etc. Como já dizia a banda Execradores em sua música "Igualdade": "Homens e mulheres, seremos todos iguais".

A influência classista não termina por aí possuindo também com letras de clara exaltação da figura do operário, do trabalhador, como gerador de toda a riqueza do mundo. Uma clara tentativa de refazer a identidade e a auto-estima dos setores explorados:

Grande, bravo e destemido Trabalha sempre trabalha Vamos levantar nossas cabeças
Tens força e fervor Não existe recompensa Fazer valer o nosso esforço
Pilar de toda a comunidade Só míseros trocados Expulsar totalmente os patrões
Quem reconhece seu valor? Oh! maldita, maldita diferença. E tomar conta do que é nosso.


[Incentivo aos operários, retirado também do K7 split "ideologicamente perigosos"]


Essa identificação imediata com o proletariado, mesmo que não seja expressa nestes termos, chegava a ter lampejos revolucionários de ruptura com o sistema burguês, ou a "pirâmide" como usa a banda Metropolixo em sua letra genial chamada "Nova Organização" :

(...) o rico acima, só parasita (...)Pela nova organização
o pobre abaixo, sustenta o rico Destrua a pirâmide
obedece os caprichos da burguesia pelo bem comum
sendo esmagado a cada dia Lute pela transformação
Aja, não seja
não seja mais um


No entanto, todo este nicho cultural "anarco-punk" que teve na gênese de sua difusão nacional a constituição dos conhecidos MAPs (núcleos locais ou regionais do "Movimento anarco punk") sofreu um claro declínio após a metade da década de noventa e hoje se apresenta em seu limite terminal no que se refere a produção de caráter classista. Teria este nicho involuido ou retrocedido de consciência? Ou simplesmente caído na sina anterior do divisionismo interno das culturas proletárias urbanas?
É necessário dizer que apesar de intencionalidade transformadora do meio "anarco-punk" este constituiu ao longo de seu declínio uma capa muito conveniente para encobrir os vícios autoritaristas de ontem sob um novo conteúdo. Ao que tudo indica ele teria se tornado um meio tão autoritário ou até mais do que aquele que se criticava na sua produção. Como se teria chegado a isso? Por quê? Perguntas que devem ser respondidas.
Haveria já na gênese do "anarco-punk" um grande equívoco em termos da proposta em si. A perspectiva de agremiação de jovens em torno de um corte cultural punk e de um outro, político, anarquista não foi ou é muito eficiente para mudança social efetiva, uma temática recorrente em letras e produções culturais como já foi visto.
Outro claro elemento é de que apesar do esforço legítimo de muitos dos primeiros "anarco-punks" e socializar bibliotecas e grupos de estudo o debate do anarquismo se perdeu por completo como eixo de atuação política em vista de um mitificante e, assim eu diria, paralisante culturalismo. O foco da luta de classes foi absurdamente perdido em virtude de diversas rodeios, ilusões e doenças da pós-modernidade: "não existem mais classes", "anti-trabalho", "primitivismo", "respiratorianismo" etc são alguns exemplos destas balelas que na verdade são sintomas da ideologia burguesa num mundo ocidental que se depara com sua finitude após o fracasso racionalista e iluminista do pós-guerra e do dito "socialismo real".
Vale colocar aqui que quando falo de um "culturalismo" paralisante me refiro a uma tendência unilateral de analisar a realidade por um prisma cultural, deixando de lado a realidade econômica e outras importantes esferas. Ao que tudo indica esse é um dos elementos da pós-modernidade, tendência refletida também no mundo intelectual em sintonia com o Banco Mundial e FMI1 para a educação dos países capitalistas dependentes onde a origem de seus problemas sociais não está na exploração imperialista imanente ao capitalismo, mas sim nas raízes culturais das opressões: como indígenas, negros, mulheres, homossexuais etc. Como se a classe não abrangesse estas esferas e a classe não possuísse uma etnia, gênero e orientação sexual. De todo modo, este deslocamento puramente economicista e equivocado na perspectiva de classe tem como efeito acobertar a real exploração dos trabalhadores e do aparelho ideológico que tenta pulverizar não só a identidade de classe como também os trabalhadores os dividindo, seriam eles agora ?indivíduos? buscando festivamente por sua liberdade.
Feito este esclarecimento fica patente um ideologia burguesa que aprisiona as mentes dos trabalhadores, e dos punks também por conseguinte... Agora que fique claro o meio punk é essencialmente cultural, uma cultura proletária. Porém, é por isso mesmo que não pode surgir daí um paradigma transformador para a sociedade, ou uma orientação revolucionária: este é resultante dos esforço do conjunto da classe trabalhadora em suas lutas concretas e a associação ao trabalho ideológico de um partido revolucionário, e não somente dos punks- um setor de jovens do proletariado que gosta de sons ,estéticas, rolés, textos, arte etc.
É justamente por esta concepção de punk colocada aqui que retomo a reflexão sobre o dito "meio anarcopunk". Cabe perceber que os antigos lampejos classistas, e a aproximação revolucionária em alguns pontos, não poderia sobreviver na redoma purista em que este meio cultural se colocou. Ao se criar uma "teologia punk" o "meio anarco punk" parece ter cristalizado um mito fundador e falsificando sua história de tal forma que tornou impossível debater criticamente o que seria esta cultura punk ou de onde haveria surgido. O texto "30 anos de omissões e mentiras sobre o punk" é sintomático deste exemplo. Ele teria surgido por conta de um evento denominado "30 anos de punk" que reduzia a um eventismo artístico filmográfico, logicamente o espaço do evento patrocinado pelo governo Lula e pelo Banco do do Brasil não poderia comportar uma crítica social mais ampla do que unicamente esta da exibição filmográfica como foi visto no debate.
O mais curioso é que o texto é envolto justamente na intencionalidade de desmistificar e mesmo assim consegue erigir um novo mito:

Esporadicamente, verificamos os mais variados grupos e indivíduos articulando eventos referentes a supostos aniversários do movimento punk(...) gerando um "confusionismo" e criando um mito fundador.(...)O papel dos Pistol$, de todo modo, tem sido
mistificado durante anos, baseado numa inversão de valores e numa falsificação histórica.(...)Contudo, paralelamente à comercialização e a falta de maturidade política dos "punks do mainstream de 77", desenvolveu-se uma cena punk que não esteve na grande mídia (e nunca fez questão de estar) e talvez por isso tenha ficado tão conhecida. As remotas origens do "PEACE PUNK" remetem mo final dos anos 60, quando Penny Rimbaude Geee Sus, na época envolvidos com o movimento hippie, mudaram-se para uma fazenda na cidade de Essex, no interior da Inglaterra, fundando uma casa aberta/comunidade chamada "Dial House". Desde então o espaço torna-se um centro anarco-pacifista e atividades culturais, artísticas e políticas. Anos mais tarde, em setenta e sete, unem-se com outros indivíduos com as mesmas necessidades de mudança formando o CRASS, mais que uma banda, uma comunidade pronta para subverter a ordem.

Esta perspectiva pode ser colocada em contraste tendo em vista o aspecto unilateral e purista do qual esta "história" da gênese do punk parte. Podo em contraste com o próprio romance o "O último dos hippies" revela-se um equívoco na elaboração do texto quanto a motivação da cultura punk nos membros da futura banda crass:
Esperávamos que através de uma demonstração prática de paz e amor, poderíamos pintar o mundo cinzento em cores novas; é estranho que ele tenha levado um homem chamado Hope [Esperança], o único hippy ?verdadeiro? com quem nós diretamente nos envolvemos criativamente, para mostrar para a gente que aquela particular forma de esperança era um sonho. (...)

Um ano depois da morte de Wally, os Pistols lançaram "Anarquia no Reino Unido", talvez eles na verdade não estivessem falando sério, mas para nós era um grito de guerra. Quando Rotten proclamou que não havia "nenhum futuro", nós vimos isto como um desafio à nossa criatividade, sabíamos que havia um futuro se estivéssemos preparados para batalhar para tanto.
É o nosso mundo, é nosso e foi roubado de nós. Nós partimos atrás para pedi-lo de volta, somente por volta desta época eles não nos chamaram de "hippies", eles nos chamaram de "punks".
[O último dos hippies: um romance histérico, Penny Rimbaud, Londres, Jan/Mar., 1982.]
Tomando esta expressão de um membros fundadores da banda, que inclusive citado no texto "anarco" punk acima, nota-se o equívoco ao atribuir como gênese a experiência de Rimbaud e outros que viriam a formar a banda Crass como algo que seria "punk" desde fins da década de 60. O Trecho é claro e mostra inclusive que a banda Sex Pistols influenciou de certo modo, mesmo que a contra ponto, a existência do grupo Crass revelando assim a verdadeira falsificação histórica que o texto "anarco"punk vem a mascarar.
O que se observa é um conversão cultural do hippismo de 60 para o punk da década de 70: fenômeno que não é instantâneo nem previamente "punk" em si, na história os fenômenos são dinâmicos e nunca inatos. Este grupo ou membros não inventaram o fenômeno cultural "punk". Foram mais um dos agentes que se encontraram na sua gênese. Acreditar que o punk teria surgido da cabeça de pessoas puras e bem intencionadas seria o mais puro idealismo anti-histórico.
Apesar do texto ter o mérito de resgatar este elemento pouco conhecido, como ele mesmo afirma, ele se cala diante de algumas contradições e cristaliza o mito fundador. Assim o meio "anarco"punk teria um origem pura isenta de contradições na figura de punks que se separam do mundo real e repleto de contradições, buscando a solução se escondendo na sua fazenda comunitária. Esta descrição tem um elemento essencialmente reformista e escapista por não se deparar com a realidade dada nos termos de vida de um proletário comum, que tem que se deparar com o transporte urbano ,com o trabalho fabril, os sindicatos e em fim a vida numa sociedade de massas. Para os que desconhecem apesar de se afirmar "anarquista" a banda crass possui uma música que secundariza a questão da classe, relegando à questão central a moral individual:
Punk's the people's music and I don't care where they're from
black or white, punk or skin, there ain't no right or wrong
we're all just human beings, some of us rotten, some of us good
you can stuff your false divisions cos together I know we could
beat the system, beat it's rule
ain't got no class, I ain't a fool
beat the system, beat it's law
ain't got religion cos I know there's more
beat the system, beat its game
ain't got no colour we're all the same
people, people, not colour, class, or creed
don't destroy the people, destroy their power and their greed.

O que nos leva ao próximo ponto que rende muitas polêmicas na atualidade que é o da cultural OI!, ou música OI! ,muito perseguida e difamada. Ao cristalizar como referência o vivencialismo purista do grupo Crass o meio "anarco"punk parece ter definido este como um mito mágico de origem que se mostra quase teologal pela assimilação acrítica e dogmática dos seus membros. A implicação é justamente a aniquilação da diferença, do debate democrático e perseguição de toda interpretação de outros nichos culturais que se reivindicam punks e se vinculam a eles. No caso me refiro ao OI! que tem demonstrado crescer no Brasil por seus apreciadores.
Se for possível incluir uma tentativa de visualizar a gênese da cultura PUNK destacaria a conversão do hippismo de 60 com Crass, o meio "mainstream" musical que de fato queria ser assimilado pelo mercado fonográfico, tal como a conhecida banda Ramones, e também incluiria o OI!. Acredito que este último traduz melhor a essência proletária da cultura punk que fez valer o termo "street punk" para os seus membros por seu caráter rueiro e contava também com a interação de jovens Skinheads, que para além de toda a confusão nada teriam de fascistas de maneira inata.2
Esta constatação reafirma o que já foi dito mais acima sobre um retrocesso de consciência classista no meio "anarco"punk do Brasil e o texto no qual afirma que "a cultura skinhead não é compatível com o anarquismo" é também sintomático. Em meio as diversas intervenções desqualificadas e manipulativas destaca-se o ponto 4 onde afirma esta incompatibilidade por:

4- Exaltação do proletariado enquanto classe permanente:

A perspectiva skinhead do trabalho é a da aceitação da alienação. O "orgulho" de ser proletário é visto como um fim em si mesmo ,e não contém uma propostas de abolição de classes, se não mantê-las.
O anarquismo é uma ideologia que nasceu nas classes desfavorecidas
e por elas sempre viverá, até que deixe de existir. Essa é a diferença entre o anarquismo e o skinhead: enquanto um propõe a abolição das classes, o outro exalta uma classe específica (o proletariado) sem perspectiva de destruí-la.
Todo o skinhead é fundamentado na questão do proletariado, e essa obsessão inclui também os vícios e questões culturais nocivas (...)

[texto da Orgap sobre a incompatibilidade da cultura skinhead com o anarquismo]

É evidente que na verdade o "meio anarcopunk" não possui a mínima clareza quanto ao anarquismo e nem mesmo a mínima formação política. Achar que jovens proletários comuns vão ter por si mesmos anseios de abolir as classes é puro idealismo barato, assim como condená-los por suas práticas sociais ?viciosas? como foi dito. É tudo uma questão de metodologia materialista: os jovens skinheads da época tinham tais práticas por que queriam e eram "maus" ou tudo isso é um efeito estrutural de uma realidade maior do que eles mesmo, que os aliena e explora? A diferença entre a segunda e a primeira é o que distingue uma análise puramente moral da realidade de outra materialista.
Fica claro que a "Orgap" não entende também o papel social do proletariado no projeto socialista (isso porque no momento nem estou considerando os setores do meio anarco punk que se dizem "anti-trabalho" ou primitivistas) . Esta classe surge historicamente como revolucionária da fratura de uma frente unida contra os resquícios do antigo regime no século XIX onde a burguesia trai o proletariado querendo realizar revoluções unicamente políticas. Tendo claro a escravidão econômica resultante o proletariado começa a exercer uma prática política a parte ,separada, da burguesia para se emancipar esta é a gênese do socialismo revolucionário que tem no proletariado o agente emancipador universal. Não é errôneo daí se exaltar o proletariado e o aspecto de auto-estima constituído na cultura skinhead. Eles não são incompatíveis, pelo contrário são benéficos.
A este ponto vale lembrar : e quanto a letra "Incentivo aos operários" da banda Execradores que possui uma clara exaltação do proletariado? Essa mudança de discurso revela também um mudança, no caso um retrocesso, que tem origem na prática e também de consciência. O abandono da classe trabalhadora como referência e apagamento final dos antigos lampejos revolucionários revelam estas constatações. Um exemplo para tomar a própria banda Execradores é o título de um dos materiais posteriores: "Revolucionar o cotidiano. Cotidianizar a revolução!". Quer dizer, a revolução passa a dar margem a uma compreensão confusa onde a revolução social é desnecessária pois já está sendo feita "cotidianamente" nas práticas individuais de cada um. Este é um sintoma que mostra a desvinculação completa com o anarquismo por ser claramente individualista e escapista: a revolução é a guerra e um fenômeno de massas.
Por tudo que foi levantado se conclui que o dito meio "anarco"punk primeiramente nada tem a ver com a ideologia e teoria revolucionária anarquista muito provavelmente um fruto amargo do culturalismo equivocado do hippismo e do maio de 68 que operaram um completo revisionismo, não sendo o único, do anarquismo que teve em sua sistematização mais orgânica no bakuninismo. Em segundo lugar, se observa um retrocesso de consciência classista e uma proposta confusa que estabelece cortes rígidos para sua efetivação, um cultural e outro ideológico "anarquista", o que impede ,apesar da ilusão de alguns, que esta seja um força revolucionária que tenha qualquer interferência concreta positiva na luta de classes. Em terceiro lugar, estabelece um mito fundador purista e isento de contradições no vivencialismo hippista do grupo Crass materializando um "Teologia punk" que inviabiliza a compreensão crítica de sua histórica e o debate democrático perceptível em posturas sectárias. Este sectarismo não para aí e pode ser acompanhado nas diversas denúncias de perseguição chegando até mesmo a agressão física protagonizada por "anarco"punks contra apreciadores do OI! no Brasil.
Assim o "anarco"punk demonstra ser um retrocesso e um atraso para a consciência dos trabalhadores tendo definitivamente abraçado o ganguismo. Seu destino nestes termos e uma possível extinção na medida que não atende mais aos que procuram um espaço que tenha identificação de classe. Mas nunca se sabe, as gangues vem e vão e seu fim é a morte física de seus integrantes.
Reafirmo aqui o objetivo o texto colocado no seu título que dizer os/as camaradas punks proletários: PUNKS VENHAM LUTAR!, abandonem a luta fracionista das gangues e abracem a luta emancipadora da nossa classe. Façamos de nosso meio um lugar de entendimento entre iguais, debate democrático, politização e diversão. O que conta é nossa condição como proletários no fim das contas o resto é uma questão de afinidade cultural.

Texto: Punk Navalha (Zine Navalhas na Noite)

21 de nov. de 2013

Chamado à 1ª Marcha da Periferia de Fortaleza!

Oi! Camaradas,
Nos somamos ao chamado à 1ª Marcha da Periferia de Fortaleza-CE, próxima sexta, 22/11/13, as 15 horas na Praça do Ferreira com ato e apresentações culturais, em referência ao 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, em memória de Zumbi dos Palmares- líder histórico da luta do povo negro no Brasil.
A Marcha da Periferia ocorre em várias cidades e começou em São Luiz do Maranhão-MA, chamada pela Movimento Hip-Hop Quilombo Urbano e enraizou-se em várias outras cidades via Quilombo Brasil. Em Fortaleza o chamado está sendo feito por várias organizações do Movimento Negro, popular, cultural como Pró-Movimento Hip-Hop Nós por Nós, Secretaria de Negros e Negras PSTU, Quilombo Raça & Classe-CSP Conlutas, Caravana da Periferia, enfim.
Entendemos que somos parte desta luta contra o extermínio da juventude pobre, sobretudo negra, pois as estatísticas comprovam que a maioria dos assassinatos ocorrem em nossas periferias e que a maioria absoluta dos que matam e morrem são jovens, negros em sua maioria, também que o Brasil tem a 3ª maior população carcerária do mundo e mais uma vez os negros são a esmagadora maioria. Será que isto quer dizer que os negros são "ruins" ou existe uma política "clara" de marginalização, criminalização e extermínio dos negros no Brasil?
Convocamos todos para a 1ª Marcha da Periferia!
VIVA ZUMBI DOS PALMARES! VIVA A CONSCIÊNCIA NEGRA!
RACISMO SE COMBATE COM E CLASSE!

"Do negro escravo correu sangue meu, meu ancestral sofreu, e o seu?"(G.O.G)

Lançamento da Biografia de Karl Marx!

Oi! Camaradas,
Momento de formação política!

Inédita no Brasil, a biografia "Karl Marx - a História de sua vida", será lançada sábado, 23 de novembro, em Fortaleza. Obra do revolucionário alemão Franz Mehring, o livro é um dos principais lançamentos da Editora José Luis e Rosa Sundermamn, que em 2013 completa 10 anos de fundação.

Na ocasião de seu lançamento, haverá palestra com Valério Arcary, historiador marxista, ex-líder estudantil durante a Revolução Portuguesa e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. A atividade é de organização do Instituto Lationoamericano de Estudos Socioeconômicos (ILAESE).

O que: Lançamento da biografia "Karl Marx - a História de sua vida".
Quando: Sábado, 23 de novembro, de 2013.
Horário: 9h
Local: Auditório da Faculdade de Educação da UFC. Cento de Humanidades. Benfica. Fortaleza - CE.

5 de nov. de 2013

02 de Novembro de 2013: Em memória de nossos camaradas!


Oi! mates*,
No último dia 02 de novembro, "Dia de Finados" no Brasil, fizemos uma singela homenagem aos nossos camaradas antifascistas que tombaram pelas mãos de neonazis em distintas partes do mundo, mas principalmente na Europa e também aqui no Brasil. Longe de estarem mortos, estes camaradas continuam vivos em nossos corações e mentes e como motivação para continuarmos na luta!
NEM PERDÃO! NEM ESQUECIMENTO! ANTIFASCISMO SEMPRE(///)

*Mates-colegas, camaradas.

Homenagem a Ivan Kostolom!

Oi! Droogs*,
Finalizou-se o projeto, que se iniciou em março de 2013, do documentário sobre o companheiro militante do RASH, Ivan “Vanya" Kostolom** Khutorskoy, que foi assassinado em 2009 pelas mãos de neonazis. Este trabalho foi tratado com a maior precisão, honestidade e com a intenção de dar a conhecer completamente a trágica história deste homem, uma pessoa importante para a cena antifascista, punk e hardcore em Moscou, Rússia . O filme inclui muitos materiais do arquivo pessoal proporcionadas pelos pais e amigos de Vanya***, assim como também entrevistas com pessoas que conheceram-no em diferentes momentos de Ivan.
A apresentação do filme aconteceu dia 26 de outubro em Moscou. Toda arrecadação da exibição e um festival beneficente será doado a família de Vanya. A partir de 28 de outubro, pode-se baixar o documentário gratuitamente na rede e estará publicado na web com a intenção de poder tê-lo com legendas em español.
Traduzido e adaptado a partir de texto dos cmdas. da Seção Patagônia do R.A.S.H.
http://patagoniaskinhead.blogspot.com.br/

Trailer:


Legendas:
*Droogs- camaradas, a partir do dicionário nadsat do autor George Burgess, para quem leu seu livro Laranja Mecânica(Clockwork Orange) ou assistiu a adaptação da obra, de Stanley Kubrick.
**"Kostolom"- "Quebra-ossos, costelas".
***Vanya- forma carinhosa como os russos tratam alguém intimamente, algo como no diminutivo, como se se referissem ao estágio de criança. Por exemplo: Ivan, para nós seria "Ivanzinho", para os russos é "Vanya". Lenin, que se chama Vladímir Ilitch Ulianov, era chamado carinhosamente de Volódia, ou seja, um diminuto de Vladímir.

Agradecimentos Outubro Oi! 2013.

Oi! Fellas*,
Gostaríamos de agradecer a todos os presentes no Outubro Oi! 2013! Mais ainda aqueles que contribuíram para realização da gig, as bandas Modos Rudes de Fortaleza-CE, Working Class Kids de Eusébio-CE, Subversivos de Recife-PE, Schindlers de Contagem-MG e ao grande Mao de SP. Também a todos os camaradas divulgaram, apoiaram, contribuindo para que o Outubro Oi! siga sendo uma referência de evento Oi! antifa em todo país. Gostaríamos de dividir toda nossa animosidade com todas as cenas, grupos, coletivos... Continuem camaradas, construam gigs, difundam a música Oi!, assim seremos mais e mais fortes!
Até o próximo!
(*Fellas- corruptela de fellows, companheiros ou camaradas em inglês, frequentemente usado entre skins.)